Governo libera aplicação do Pé-de-Meia em Tesouro Selic

O governo federal autorizou que estudantes do ensino médio beneficiários do programa Pé-de-Meia escolham como investir os valores recebidos ao fim de cada ano letivo. A medida, publicada em 29 de outubro por uma Portaria Interministerial, entrou em vigor ontem.

A nova regra permite que os participantes possam optar entre manter o dinheiro na Poupança ou aplicar os recursos no Tesouro Selic, título público atrelado à taxa básica de juros. Segundo o governo, a mudança busca estimular a educação financeira e ampliar a autonomia dos estudantes na gestão do benefício. 

A escolha e o acompanhamento da rentabilidade poderão ser feitos pelo aplicativo Caixa Tem, da Caixa Econômica Federal, agente financeiro do programa. O tipo de investimento escolhido valerá tanto para as parcelas já creditadas quanto para as futuras. Alunos menores de 18 anos precisarão de autorização do responsável legal para realizar ou alterar a aplicação, que deve ser feita diretamente no aplicativo, exceto os casos em que o responsável seja guardião, situação em que será necessário comparecimento a uma agência da Caixa.

Destinado a alunos da rede pública inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), o Pé-de-Meia tem como objetivo incentivar a permanência e a conclusão do ensino médio. A cada ano concluído, o estudante recebe R$ 1 mil, valor que pode ser sacado após a formatura. Até então, o montante era aplicado exclusivamente na Poupança.

O governo também disponibilizou uma calculadora do Tesouro Direto para simulação de rentabilidade e uma seção de perguntas frequentes com orientações sobre as novas opções de investimento do programa Pé-de-Meia.

O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, avalia que a medida é "muito positiva", por abrir aos estudantes uma alternativa mais rentável do que a Poupança tradicional. "O Tesouro Direto é um investimento que acompanha a taxa Selic, hoje acima da inflação. Já a Poupança rende 70% da Selic. A escolha deve considerar fatores, como o pagamento de Imposto de Renda, mas o título público é considerado praticamente sem risco", explica.

Para Bergo, o contato direto com os instrumentos de investimento é uma forma de educação financeira prática. "Ao acompanhar a taxa Selic, comparar rendimentos e entender o impacto da inflação, o estudante desenvolve hábitos como planejamento e disciplina. Isso é fundamental para quem está começando a lidar com dinheiro", afirma.

O professor também destaca o caráter educativo da medida. "Só o fato de o estudante acompanhar a taxa Selic, ver quando ela muda e comparar a remuneração com a Poupança já contribui para criar uma cultura financeira. Isso ajuda a desenvolver disciplina e planejamento, princípios essenciais da educação financeira", afirma.

"Não tenho dúvida que esse recurso vai ajudar, sobretudo, as camadas mais pobres da sociedade, porque ali é realmente onde existe a maior carência com relação à educação financeira, sobretudo por desconhecer por completo os efeitos da inflação, do poder de compra reduzido," Conclui Bergo.

O professor Davi Lelis, da Fundação Getulio Vargas (FGV), concorda que a mudança é benéfica. "Essa decisão é muito positiva, primeiro pelo caráter educativo e segundo pelo caráter financeiro", avalia.

Lelis aponta que o contato com o investimento público pode estimular hábitos financeiros mais saudáveis. "O mercado financeiro hoje é a forma mais democrática de distribuição de riqueza. Pessoas de baixa renda conseguem investir nos mesmos instrumentos que pessoas de altíssima renda. Só o fato de o jovem ter contato com isso e pesquisar mais já muda sua relação com o dinheiro", afirma.

O economista acredita que o aprendizado adquirido no programa tende a refletir no futuro profissional e pessoal dos estudantes. "É muito provável que todo mundo que tem contato com a educação financeira mais cedo na vida tenha uma vida adulta melhor", diz.

Fonte: correiobraziliense

Últimas Publicações

  • Tecnologia e a Humanidade Estão Mudando o Jogo das Dívidas

    Você já recebeu uma cobrança que mais parecia uma bronca? Ninguém gosta de dever, e ser cobrado de forma agressiva ou impessoal piora ainda mais a situação. A boa notícia é que o jeito de cobrar está mudando, e para muito melhor!

    .. (continue lendo)

  • Substitua o Laranjal de MEIs pelo Enquadramento Adequado

    A principal desvantagem em ter um MEI (Microempreendedor Individual) em vez de uma EPP (Empresa de Pequeno Porte) reside nas limitações que o MEI impõe ao crescimento e à estrutura do seu negócio.

    continue lendo)

  • Passo a Passo para Abrir Um MEI

    O processo de formalização do Microempreendedor Individual (MEI) é feito pelo Portal do Empreendedor (parte do portal Gov.br).

    Passo a Passo para Formalizaç&.. (continue lendo)

  • Erros Comuns na Abertura e Gestão de MEI

    O maior risco desses erros é o desenquadramento do MEI, o que obriga o empreendedor a migrar para regimes mais complexos (como Microempresa - ME) e, muitas vezes, a pagar impostos retroativos com multas.

    continue lendo)

  • Os Direitos do Trabalhador com Câncer

    Os direitos das pessoas com câncer perante a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no Brasil são abrangentes e visam oferecer suporte durante o tratamento.  

    continue lendo)

  • Outubro Rosa | Direitos da Mulher com Câncer

    Além dos direitos trabalhistas e previdenciários comuns a todas as pessoas com câncer (auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, saque de FGTS/PIS, etc.), a mulher com câncer, especialmente de mama e colo do útero, possui direitos específicos garantidos pela .. (continue lendo)

  • A Volta aos Escritórios | O Fim da Hegemonia do Home Office

    Após o ápice do home office imposto pela pandemia de COVID-19, uma tendência de reversão tem se consolidado no mercado de trabalho. continue lendo)

JW Contabilidade © - Todos os direitos reservados. | Desenvolvido por TBrWeb